META FISCAL

Governo anuncia corte de R$31 bi e alta no IOF para fechar contas

Por | da Redação
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Reprodução/ Marcelo Camargo/Agencia Brasil
Medida atinge despesas discricionárias dos ministérios, enquanto aumento do imposto sobre operações financeiras será detalhado em entrevista coletiva.
Medida atinge despesas discricionárias dos ministérios, enquanto aumento do imposto sobre operações financeiras será detalhado em entrevista coletiva.

O governo federal anunciou nesta quinta-feira (22) o bloqueio de R$ 31,3 bilhões em despesas do Orçamento de 2025, como parte do esforço para cumprir as metas fiscais estabelecidas. A decisão foi formalizada no relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, apresentado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).

Leia mais: Governo poderá ter dificuldade de custear máquina pública

Além do bloqueio, o Ministério da Fazenda confirmou que será anunciado o aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Detalhes sobre a elevação da alíquota ainda não foram divulgados, mas o tema é tratado em entrevista coletiva agendada para esta tarde.

Cortes atingem despesas discricionárias

De acordo com o governo, o bloqueio afetará os chamados gastos discricionários -- despesas não obrigatórias -- dos ministérios, que incluem investimentos e custeio da máquina pública. Entre os serviços que podem ser impactados estão tecnologia da informação, energia elétrica, locação de equipamentos, diárias, agens e serviços de comunicação.

O relatório aponta que a necessidade de bloqueio decorre, principalmente, do aumento inesperado das despesas com a Previdência Social, que superaram as projeções iniciais. “Houve um crescimento acima das estimativas na Previdência, o que nos obrigou, por força legal, a realizar esse bloqueio”, explicou Simone Tebet.

O ministro Fernando Haddad destacou outros fatores que pressionaram o Orçamento: a não compensação da desoneração da folha de pagamentos e a paralisação dos servidores da Receita Federal, que prejudica a arrecadação.

O detalhamento sobre quais ministérios terão os recursos bloqueados será divulgado até o fim deste mês.

Regras do arcabouço fiscal exigem ajuste

A medida está inserida no contexto do arcabouço fiscal, aprovado em 2023, que impõe limites ao crescimento das despesas públicas e estabelece metas para o equilíbrio das contas. Segundo as novas projeções da equipe econômica, as despesas de 2025 estão R$ 10,6 bilhões acima do teto permitido pelo arcabouço.

Além disso, o governo já havia programado contingenciamento adicional de R$ 20,7 bilhões para buscar o cumprimento da meta fiscal deste ano.

Pelo arcabouço, as despesas públicas só podem crescer até 70% do aumento real da arrecadação, e o crescimento total não pode ultraar 2,5% ao ano acima da inflação. Caso a meta fiscal não seja atingida, esse percentual de expansão cai para 50% nos anos seguintes.

O objetivo central da regra é evitar a escalada descontrolada da dívida pública e, consequentemente, o aumento dos juros cobrados pelo mercado na emissão de títulos do governo.

Meta é zerar déficit em 2025

Para este ano, a meta fiscal definida é zerar o déficit primário, que fechou 2024 em R$ 43 bilhões. A regra, no entanto, permite margem de tolerância de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente a cerca de R$ 31 bilhões, sem que a meta seja formalmente descumprida.

Além disso, para fins de apuração da meta, ficam excluídos R$ 44,1 bilhões relativos a precatórios -- dívidas judiciais que o governo é obrigado a pagar.

Histórico recente das contas públicas

Não é de hoje que o Brasil enfrenta dificuldade para equilibrar as contas públicas. Em 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro, foi registrado superávit após oito anos seguidos de déficits, mas a melhora foi considerada pontual.

A aprovação da PEC da Transição no fim de 2022, já sob o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva, elevou os gastos com programas sociais, como o Bolsa Família, e aumentou os investimentos em saúde e educação, projetando um rombo de R$ 231,5 bilhões para 2023.

O déficit efetivo ficou em R$ 230,5 bilhões no ano ado, mesmo com iniciativas de incremento da arrecadação. Parte do resultado negativo se deve ao pagamento de precatórios em atraso, no valor de R$ 92,5 bilhões, conforme argumenta a equipe econômica.

Já em 2024, as contas públicas encerraram com déficit de R$ 43 bilhões, reflexo de despesas emergenciais, como o apoio ao Rio Grande do Sul após as enchentes, mas também resultado das limitações impostas pelo arcabouço fiscal.

Para 2025, o Orçamento aprovado já previa resultado negativo de R$ 40,4 bilhões, incluindo a quitação de mais R$ 44 bilhões em precatórios, que, assim como no ano anterior, não entram no cálculo da meta fiscal.

*Com informações do G1

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