01 de junho de 2025
PREVIDÊNCIA

Fraudes e bloqueio dos consignados no INSS 4r1v19

Por Eduardo Canola |Especial para a Folha da Região
| Tempo de leitura: 4 min
Fraudes geram desespero entre aposentados; Eduardo Canola analisa riscos, medidas emergenciais e desafio de recuperar a confiança no sistema

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está no centro de uma grave crise de confiança, impulsionada pela descoberta de um amplo esquema de fraudes em empréstimos consignados que prejudicou milhares de aposentados e pensionistas. 5d3j4e

Para combater o problema e restaurar a credibilidade, o órgão anunciou um conjunto de medidas emergenciais, incluindo a suspensão imediata de novos empréstimos, a futura implementação obrigatória da biometria facial para transações e uma investigação detalhada de contratos antigos.

Este cenário de vulnerabilidade não é recente, mas os episódios mais recentes acenderam um alerta máximo nas autoridades e na sociedade.

A suspensão dos empréstimos consignados, determinada pelo novo presidente do INSS, Guilherme Waller Júnior, visa a estancar o avanço das fraudes enquanto novas barreiras de segurança são erguidas. A medida, válida desde a última quinta-feira, 8 de maio, afeta todos os segurados, independentemente da data de concessão do benefício.

A expectativa é de que a liberação para novas contratações ocorra gradualmente em até 15 dias, já com a exigência da biometria facial, tecnologia que promete maior segurança na autenticação dos beneficiários. A celeridade na implementação dessas ferramentas é crucial, visto que cada dia de brecha no sistema representa um risco potencial para milhões de brasileiros.

A biometria facial é considerada uma ferramenta essencial no combate a essas irregularidades. Especialistas apontam que a tecnologia dificulta a ação de criminosos que utilizam documentos falsificados ou roubados para se ar por segurados e obter empréstimos fraudulentos.

A iniciativa atende a uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), que monitora de perto as investigações e a implementação das soluções. A adoção de tecnologias mais robustas de identificação é um o fundamental, mas precisa ser acompanhada de treinamento adequado para os funcionários do INSS e de campanhas de conscientização para os segurados, evitando que a própria solução se torne uma nova barreira.

Paralelamente, o INSS tem prazo de 15 dias, também estipulado pelo TCU, para apresentar um plano concreto de ressarcimento aos segurados lesados. As investigações da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU) indicam que o prejuízo pode atingir a cifra de R$ 6,3 bilhões, considerando o período entre 2019 e 2024.

Muitas dessas operações foram realizadas sem o conhecimento ou consentimento dos aposentados e pensionistas, que só descobriram os descontos indevidos ao verificar seus extratos, comprometendo suas rendas mensais. O desafio do ressarcimento é complexo, envolvendo a identificação precisa das vítimas e a agilidade no processo de devolução dos valores, minimizando os transtornos já causados.

O impacto social dessas fraudes é profundo e multifacetado. Para muitos beneficiários, que dependem exclusivamente desses valores para sua subsistência, os descontos representam uma ameaça direta ao seu sustento, afetando a compra de alimentos, medicamentos e o pagamento de despesas básicas. A situação gerou um clima de angústia, insegurança e revolta, levando muitos a temer pela segurança de seus dados pessoais e pela própria capacidade de sobrevivência.

Organizações da sociedade civil e entidades de defesa do consumidor têm se mobilizado, oferecendo e jurídico e psicológico, além de pressionar por respostas rápidas e eficazes das autoridades. Alertam também para a necessidade de garantir que os segurados, especialmente os idosos e aqueles com menor o à tecnologia, recebam assistência adequada para se adaptar às novas exigências, como o cadastramento biométrico. A inclusão digital é um desafio a ser superado para não penalizar ainda mais as vítimas, que muitas vezes já enfrentam dificuldades de mobilidade e o à informação.

O histórico de fraudes no INSS, infelizmente, não é uma novidade. Ao longo dos anos, diversos esquemas foram descobertos, explorando diferentes vulnerabilidades do sistema. No entanto, a sofisticação e a escala das fraudes recentes em empréstimos consignados demonstram uma ousadia crescente por parte das organizações criminosas e a necessidade urgente de uma modernização contínua dos mecanismos de controle e fiscalização.

A expectativa dos beneficiários é que, desta vez, as medidas sejam realmente efetivas e duradouras, e não apenas respostas paliativas a uma crise pontual. O governo federal reconheceu a gravidade da situação e comprometeu-se a acompanhar de perto a implementação das medidas pelo INSS, cobrando resultados efetivos.

Espera-se que a combinação de regras mais estritas, fiscalização aprimorada e a investigação rigorosa dos contratos antigos possa restaurar a confiança dos segurados no sistema previdenciário. A população, em especial os aposentados e pensionistas, aguarda por soluções rápidas, o ressarcimento integral dos valores desviados e a punição exemplar dos responsáveis por este esquema criminoso.

A crise expõe vulnerabilidades significativas no sistema, ressaltando a urgência não apenas de implementar novas tecnologias, mas de reconstruir a confiança e assegurar a inviolabilidade dos direitos previdenciários.

O desafio é garantir que o INSS possa proteger efetivamente aqueles que mais dependem de seus serviços, prevenindo futuras ocorrências e assegurando a tranquilidade de seus milhões de beneficiários em todo o território nacional. A transparência nas ações, a comunicação clara e constante com os segurados e a criação de canais de denúncia mais eficientes serão fundamentais nesse processo de recuperação e fortalecimento institucional.

Se tiver dúvidas ou quiser enviar sugestões sobre assuntos para a coluna, e o site www.eduardocanola.com.br