A visita do governador Tarcísio de Freitas a Campinas nesta sexta-feira (17), marcada por anúncios importantes, trouxe uma mensagem que caiu como um balde de água fria para os prefeitos da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Ao declarar que a prioridade do governo estadual para a saúde será a abertura de um hospital em Bragança Paulista, atendendo o Circuito das Águas, Tarcísio colocou em segundo plano o tão aguardado hospital regional de Campinas, uma demanda central dos 20 prefeitos alinhados a ele na região.
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A justificativa apresentada pelo governador é técnica: a reutilização de uma infraestrutura existente em Bragança Paulista possibilitaria uma ativação mais rápida, aliviando a sobrecarga dos hospitais de Campinas. “O primeiro movimento será em Bragança Paulista, e, posteriormente, avaliaremos a viabilidade de avançar com o hospital regional em Campinas”, disse Tarcísio, indicando que a proposta para a RMC ainda está em fase de estudo, sem prazos definidos.
A fala do governador contrasta com as expectativas dos prefeitos da RMC, que veem na construção de um hospital regional uma necessidade urgente para atender uma das regiões mais populosas e economicamente estratégicas do estado. Gestores locais argumentam que a superlotação das unidades de saúde exige uma resposta rápida, mas o planejamento estadual segue sem mudança.
Além disso, os prefeitos haviam demonstrado confiança de que poderiam convencer o governador a priorizar Campinas, o próprio chefe do executivo da metrópole, Dário Saadi, já repetiu o tema por várias vezes, porém ouviu, em casa, que a demanda ficará para depois. A declaração de Tarcísio foi categórica e transferiu as expectativas para o futuro, enquanto a ação imediata recai sobre Bragança Paulista.
Por um lado, a escolha de Bragança Paulista reflete uma estratégia técnica do governo estadual: a reativação de uma estrutura existente reduz custos e agiliza a implementação de um hospital. Por outro lado, a decisão expõe um desalinhamento entre as prioridades do governo e as demandas locais da RMC.
O governador destacou o aumento de leitos e o fortalecimento da atenção básica por meio de rees per capita aos municípios, com foco no cumprimento de metas. Ainda assim, essa abordagem não elimina a necessidade de infraestrutura hospitalar robusta para atender à crescente demanda da RMC, um projeto encabeçado pela Unicamp que já dispõe de um abarrotado Hospital de Clínicas e o Estadual de Sumaré.
Enquanto Bragança Paulista se prepara para receber o hospital prioritário, os gestores da RMC enfrentam o desafio de manter a pressão política e encontrar soluções emergenciais para combalida área da saúde.
Se a decisão de priorizar Bragança Paulista parece acertada do ponto de vista técnico, resta saber se, politicamente, o governo conseguirá equilibrar as demandas de uma região que representa um dos principais motores econômicos do estado. O tempo e a execução das promessas dirão se a estratégia de Tarcísio foi a mais adequada para enfrentar os desafios de saúde pública no interior paulista.
Visita disputa
A visita do governador a Campinas atraiu diversos políticos da região e, claro, contou com a recepção do prefeito Dário Saadi. Assim que o governador chegou à região da Miguel Melhado, vereadores de Campinas começaram a aparecer em peso, como formigas atraídas ao doce. Os parlamentares não perderam tempo em registrar o momento, publicando inúmeras fotos e postagens ao lado de Tarcísio.
No entanto, o que mais chamou a atenção foram algumas presenças inesperadas durante a coletiva do prefeito Dário Saadi. A cena clássica do famoso "papagaio de pirata" se repetiu, com políticos perfilados ao fundo, adotando aquela postura de importância e aparente atenção. Entre os presentes, estavam os vereadores Higor Diego, Carmo Luiz, Nick Schneider e... Vini Oliveira.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: [email protected].