Justiça solta motorista de Porsche que matou motoboy em SP

A Justiça mandou soltar Igor Ferreira Sauceda, que atropelou e matou o motoboy Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, em 29 de julho do ano ado, na zona sul de São Paulo (SP). A soltura foi determinada nesta sexta-feira (30) e é assinada pela juíza Isabel Begalli Rodriguez, da 3ª Vara do Júri.
Dirigindo um Porsche amarelo, Sauceda perseguiu a vítima na Avenida Interlagos depois que Figueiredo chutou e quebrou o retrovisor do carro. Carlos Bobadilla, advogado do motorista, afirmou que não se manifestará sobre a nova decisão judicial.
Segundo a juíza, não foi comprovada a versão inicialmente constante nos autos de que Sauceda apresentasse comportamento ameaçador e que tivesse, em ocasiões anteriores, utilizado o mesmo Porsche para intimidar desafetos. O inquérito instaurado para apurar as supostas ameaças foi arquivado.
"Nenhuma das testemunhas ouvidas em juízo deu conta de ter sido intimidada ou ameaçada pelo réu ou por pessoas de seu convívio, e tampouco há notícia de que tenha tentado ocultar provas ou deixado de colaborar com a instrução processual. Pelo contrário, ao que se apurou até o momento, permaneceu no local dos fatos, deu sua versão à autoridade policial e não buscou prejudicar as investigações", escreveu ela na decisão.
Rodríguez disse que Sauceda estava preso havia dez meses e que, até então, sua defesa não conseguira o ao veículo da vítima para a perícia solicitada, o que ocorreu em razão da morosidade do Estado em permitir o o aos veículos envolvidos.
Ela também afirmou que a moto de Figueiredo foi devolvida à família sem autorização judicial.
Para a juíza, medidas cautelares diversas da prisão se mostram mais adequadas e suficientes para garantir a ordem pública e a instrução processual.
Sauceda deverá comparecer mensalmente em juízo, teve a CNH suspensa, não pode sair da cidade por mais de oito dias nem deixar o país, e deverá usar tornozeleira eletrônica.
Relembre o caso
À época, Sauceda afirmou à polícia que voltava do trabalho com a namorada quando Figueiredo chutou e quebrou o retrovisor esquerdo de seu carro e foi embora.
O empresário declarou, segundo o registro policial, que seguiu o motoboy pela Avenida Interlagos e, na altura do número 7530, Figueiredo mudou de faixa abruptamente e entrou na frente do veículo. Disse que tentou desviar para a direita, mas não conseguiu escapar e atingiu a traseira da moto. Com o impacto, a moto e o Porsche bateram ainda em uma árvore e em um poste.
Figueiredo foi socorrido e levado ao Hospital Grajaú, onde morreu.
A namorada de Sauceda sofreu ferimentos nas mãos em razão dos estilhaços. O empresário aguardou no local do acidente a chegada da polícia.
De acordo com o boletim de ocorrência, o empresário foi submetido ao teste do bafômetro, cujo resultado foi negativo. Ele foi levado ao 48º DP (Cidade Dutra), onde prestou depoimento e foi preso em flagrante.
Na ocasião, o advogado Carlos Bobadilla classificou o caso como uma fatalidade. "O Igor estava voltando para casa junto com a namorada; o Igor não havia ingerido qualquer bebida alcoólica ou entorpecente e, infelizmente, aconteceu essa fatalidade. Ele não fez absolutamente nada de errado que pudesse legitimar a conduta de homicídio doloso, conforme o delegado colocou."
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