Quando pensamos no Dia das Mães, é comum associarmos a data à figura da mulher que gerou um filho, o ventre que acolheu, o colo que embalou, as noites mal dormidas e os dias de entrega. Mas existe uma dimensão muito mais ampla, profunda e essencial por trás da palavra “mãe”. Uma dimensão que nos convida a enxergar a maternidade como uma energia presente em todos nós, uma força universal de cuidado, amor, saúde e presença.
A energia materna não pertence apenas a quem tem filhos. Ela pode habitar em qualquer pessoa que se coloca disponível para cuidar, proteger, acolher e nutrir. Pode estar na professora que vê além do conteúdo e percebe o estado emocional do aluno. No terapeuta que oferece escuta ativa e olhar comivo. No amigo que segura a mão na hora da dor. No profissional de saúde que trata o outro como um ser humano integral, e não apenas um diagnóstico. No pai que é colo e cuidado, na avó que é raiz e sabedoria, na vizinha que oferece ajuda, num desconhecido que oferece empatia.
Essa energia é uma expressão de presença, de atenção plena ao outro, e também a si mesmo. Quando cuidamos com carinho dos nossos próprios limites, quando alimentamos corpo e mente com consciência, quando respeitamos nossos ciclos e ritmos, também estamos ando essa força materna dentro de nós. E é aí que começa a verdadeira saúde: no acolhimento da própria história, no respeito às nossas dores e no compromisso com nosso processo de cura.
No campo da saúde, sabemos que o acolhimento, o toque, a escuta, o afeto e a sensação de pertencimento têm impacto direto sobre nosso sistema nervoso autônomo. A energia materna, quando presente, estimula a produção de ocitocina, o “hormônio do amor”, que promove sensação de bem-estar, confiança, relaxamento e equilíbrio hormonal. Ela reduz os níveis de cortisol (o hormônio do estresse), fortalece a imunidade e cria uma base segura para que corpo e mente funcionem com mais harmonia.
Muitas vezes, o que adoece o corpo não é apenas um vírus ou uma má alimentação, mas a ausência de vínculo, de presença, de cuidado, de amor! Um corpo que não se sente seguro entra em estado de defesa constante: músculos tensos, respiração encurtada, sistema digestivo comprometido, sono agitado. E quando não nos sentimos vistos, ouvidos ou valorizados, isso repercute diretamente na nossa fisiologia.
Por isso, o Dia das Mães, é o momento de ampliar o olhar e reconhecer todos os gestos de maternagem que curam, tempo de agradecer não apenas àquela que nos deu a vida, mas também a quem nos manteve vivos em momentos difíceis. A quem nos apoiou sem esperar nada em troca. A quem soube ser colo mesmo sem laços de sangue. A quem nos inspirou a seguir em frente com coragem. Dia das Mães é um momento de ser grato a todos aqueles que nos deram amor.
E, principalmente, é tempo de resgatar essa força dentro de nós, de perceber onde está a nossa energia materna, de como estamos cuidando de nós. Como estamos olhando para quem está ao nosso redor, onde está nossa escuta, nosso toque, nossa palavra?
Ser mãe é mais do que um papel biológico. É um estado de ser. É uma postura diante da vida. É um compromisso com o cuidado e o cuidado é a base da saúde, ele restaura, equilibra, conecta, fortalece, e quando praticado com presença, transforma.
Que neste Dia das Mães, possamos honrar todas as formas de amor que curam. Que celebremos a energia que nos nutre de verdade: a energia materna, que vive em cada gesto de compaixão, em cada respiração consciente, em cada abraço sincero. Que sejamos, uns para os outros, espaços de acolhimento e segurança. Muita saúde a todos.
Liciana Rossi é especialista em coluna e treinamento desportivo, pioneira do método ELDOA no Brasil ([email protected])