
O governo federal projeta que o rombo da Previdência Social, mais especificamente do INSS, responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões no setor privado, deve atingir níveis críticos nas próximas décadas. Segundo a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, encaminhada pelo Executivo ao Congresso Nacional nessa quarta-feira (14), o déficit previdenciário pode mais do que quadruplicar até o fim do século, chegando a 11,59% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2100. Para efeito de comparação, em 2025, a estimativa é de que esse índice fique em 2,58% do PIB, equivalente a R$ 328 bilhões.
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O agravamento das contas públicas na área previdenciária está diretamente ligado ao envelhecimento acelerado da população brasileira e à redução das taxas de natalidade. Esse cenário, apontado na LDO, tende a pressionar o modelo atual de repartição simples, no qual os trabalhadores da ativa financiam os benefícios dos aposentados, sem capitalização individual.
De acordo com as projeções do governo:
- A população com 60 anos ou mais deve ar de 13,8% em 2019 para 32,2% até 2060;
Essas mudanças demográficas comprometem a sustentabilidade do sistema atual. Segundo o projeto, haverá cada vez menos contribuintes para bancar um contingente crescente de beneficiários.
Impacto após reforma de 2019 e risco de nova explosão de gastos
Mesmo após a reforma da Previdência aprovada em 2019, que fixou idade mínima para aposentadoria e endureceu regras de concessão, o quadro não se estabilizou. A proposta enviada à Câmara reforça que, sem novos ajustes, o sistema caminhará para uma trajetória insustentável.
A preocupação é compartilhada por economistas e instituições como o Tribunal de Contas da União (TCU). Em entrevista ao G1 e à TV Globo, o presidente do TCU, ministro Vital do Rêgo, comparou o sistema previdenciário a uma bomba-relógio: "O paciente está gravemente debilitado, e não há sinais de recuperação", afirmou.
Pressão por nova reforma em 2027
Rogério Nagamine, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), avalia que o país terá de promover uma nova reforma da Previdência já no início do próximo governo, em 2027. Ao G1, ele aponta que emendas feitas pelo Congresso em 2019 enfraqueceram os efeitos da reforma anterior.
Entre os pontos que, segundo ele, precisam ser revistos:
- Aumento da idade mínima na aposentadoria rural;
- Reformulação das regras de contribuição para Microempreendedores Individuais (MEI), que representam 12% dos contribuintes, mas geram apenas 1% da arrecadação;
- Criação de um mecanismo de ajuste automático nas regras previdenciárias, baseado na expectativa de vida;
Em 2023, segundo o governo, os gastos com proteção social (incluindo previdência e programas sociais) consumiram cerca de 16% do PIB daquele ano.
A proposta da LDO de 2026 traz um alerta claro: o atual modelo previdenciário brasileiro está sob forte pressão e, se nada for feito, tende a se tornar insustentável. A necessidade de um novo ciclo de reformas volta ao debate com urgência, diante de um cenário demográfico que já está em rápida transformação.
*Com informações do G1, LDO 2026 e Gov.br
Comentários
1 Comentários
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Lucio Jacomini 15/05/2025Essas previsões a longo prazo são hilárias. Há muito tempo já sugeri que o INSS fosse privatizado ao sistema bancário. Mas como é moda fazer previsão futurista,também vou fazer a minha:dentro de 100 anos Bauru deixará de existir por falta de água,não por falta de aviso,pois eu já escrevi dando a solução,mas o jornal não publicou para não ofender a prefeita,respeito a vontade de cada um,mas que dei a solução da falta de água em Bauru,ninguém pode negar. Outra previsão para o futuro? Haverá guerras sangrentas pela disputa de água,em várias partes do planeta,quem estiver vivo,verá! E olhem que não sou cartomante,nem pai de santo,mas apenas realista!