
O vazamento do corante Verde Malaquita em um córrego de Jundiaí acendeu o alerta de especialistas sobre os riscos ambientais e à saúde. A substância, usada para tingir seda, couro, papel e em tratamentos de aquários, contaminou o Córrego das Tulipas após o acidente com um caminhão na terça-feira (13). O lago ficou azul e peixes apareceram mortos.
“O Verde Malaquita pode permanecer por bastante tempo em tecido muscular. Peixes que sobreviveram ao acidente podem carregar o corante no corpo por longos períodos, afetando a cadeia alimentar tanto outros animais quanto humanos que venham a consumir esses peixes”, explica a médica veterinária Camilla Freitas, professora e coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Estácio.
Segundo ela o corante apresenta diversos riscos. “Além de tóxico para os sistemas imunológico, hormonal e reprodutor, ele é mutagênico e cancerígeno. E o problema vai além: em ambientes sem oxigênio, o Verde Malaquita se transforma em uma forma ainda mais perigosa, chamada verde leucomalachita. Ele também não se degrada facilmente e pode permanecer por muito tempo em matéria orgânica”, afirma.
A veterinária também demonstra preocupação com as capivaras, difíceis de capturar por serem ariscas. “Elas sofrem muito estresse durante a manipulação, o que pode levá-las à morte. Já aves como patos e gansos, ao se limparem com o bico, correm o risco de ingerir o corante”, afirma.