JULGAMENTO

'Impossível eu ter cometido esse crime', diz Paulo Cupertino

Por Paulo Eduardo Dias | da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Redes sociais/G1
Ele disse que não tinha conhecimento de Rafael nem teria motivos para matá-lo ou seus pais.
Ele disse que não tinha conhecimento de Rafael nem teria motivos para matá-lo ou seus pais.

Exaltado, falando alto e olhando para as pessoas presentes no tribunal do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, Paulo Cupertino Matias, 54, começou seu depoimento ao júri e negou que tenha assassinado o ator Rafael Miguel e os pais dele em junho de 2019, no bairro de Pedreira, na zona sul da cidade.

Leia mais: Acusado de matar ator de 'Chiquititas' vai a júri popular na 5ª

"Impossível eu ter cometido esse crime", afirmou Cupertino ao entrar no plenário.

Ele disse que não tinha conhecimento de Rafael nem teria motivos para matá-lo ou seus pais. "Eu nunca tive o ao Rafael, à dona Miriam, ao seu João. Eu não matei o senhor Rafael".

O acusado disse ter sido vítima da mídia e que sua prisão em Presidente Venceslau, onde estão presos integrantes do PCC, não condiz com seu caráter.

"Eu não tenho imagem matando o Rafael. Eu não tenho imagem matando a Miriam. Eu não tenho imagem matando o João. Vem a imagem eu perdendo a minha mãe, a minha filha."

Rafael, que atuou na novela "Chiquititas" e em comerciais, namorava com a filha de Cupertino à época do crime, Isabela. Ele tinha 22 anos. Ao ser morto ele estava na companhia do pai, João Alcisio Miguel, 52, e Miriam Selma Miguel, 50.

A declaração dele vai de encontro ao depoimento de sua ex-mulher, Vanessa Tibcherani de Camargo, que abriu seu depoimento na manhã desta quinta-feira (29) afirmando que Cupertino "assassinou as três pessoas a sangue frio".

Cupertino afirmou que sua sentença já está pronta, mas sempre reforçando que não foi o responsável pelo crime. Ele, no entanto, disse ter sido covarde, pois poderia ter evitado a ação do "vagabundo" [o possível atirador], mas não o fez.

Ele confirmou que tinha armas, mas legalizadas, e afirmou que não estava armado no dia das mortes.

"Meu depoimento não é ensaiado".

Cupertino tentou se levantar para falar, mostrando exaltação, mas foi repreendido pelo juiz. Ele relatou estar cego, enxergando com dificuldades. E que utilizava óculos, que teria conseguido com um preso.

"Seria um privilégio ter conhecido o Rafael", disse. Ainda segundo ele, a filha, Isabela nunca mencionou o namorado.

Ele confirmou que a filha tinha uma restrição de ir ao Jardim Apurá, um bairro na zona sul de São Paulo.

"Quando eu saio e me deparo com a situação, eu virei o olho. Não é comigo, acabou. Por isso eu errei. Quem estava naquele momento era um pai, uma mãe e um filho."

"Eu não tenho que pedir perdão, porque não carrego isso no meu coração. Eu não tenho pesadelo. Eu não tenho arrependimento", disse.

Por diversas vezes Cupertino mirou o olhar e fez falas indiretas ao advogado da família do ator, Fernando Viggiano. Ele disse que o defensor era garoto-propaganda de uma emissora de TV.

Cupertino chegou a perguntar para um dos PMs da escolta se ele conhecia a cadeia de Presidente Venceslau, onde disse ter se visto em meio a faccionados.

"Nem as galinhas que eu criava eu tinha coragem de matar".

O crime

Rafael interpretou o personagem Paçoca na novela infantil "Chiquititas", exibida pelo SBT. Ele e seus pais foram mortos a tiros na tarde de domingo 9 de junho quando iriam visitar a namorada do artista --filha de Cupertino.

Segundo o boletim registrado pela polícia, os três foram até a casa da namorada para conversar com o pai dela sobre o namoro, por volta das 14h. As vítimas foram recebidas pela mãe e pela jovem.

Logo depois, Cupertino teria chegado com uma arma e, em seguida, atirado contra as três vítimas, que aguardavam no portão da casa. Todos morreram no local.

Comentários

Comentários