
Trinta e nove municípios, cerca de 2,5 milhões de habitantes e mais de 16 mil km². Tudo isso unido por um forte vínculo cultural que dá alma ao território definido pelos limites geográficos e dá luz à RMVale, gerando unidade, integração em diversos aspectos, entre eles o econômico, comercial e turístico.
E neste organismo, que move-se como bloco, veias e artérias, já conlurbadas, são vitais para a circulação dos milhões e milhões de moradores.
A mobilidade urbana permite que cada indivíduo se insira, de fato, na sociedade, garantindo o à prestação de serviços, à saúde, bem-estar e lazer. Trata-se da vida em circulação, de uma região que pulsa.
E, já que falamos sobre mobilidade, para onde vamos?
Espelho da sociedade, o raio-x do setor escancara desigualdades -- enquanto um grupo seleto, em bairros de luxo, tem o facilitado pelo o ao transporte individual, há quem faça trajetos longos e, por vezes, desconfortáveis, no transporte público.
Para onde vamos? O futuro do país é também escrito aqui, na coração que bombeia vidas por veias e artérias da RMVale.
PLANEJAMENTO.
O desenvolvimento urbano acelerado é um dos principais agentes causadores de desigualdade, e para amenizá-lo, deve-se dar muita atenção para todos os diversos tipos modais de transportes (trens, metrôs, ônibus, bicicletas, etc.), permitindo com que a população se mova, de forma adequada, para todos os cantos das cidades.
“A RMVale carece de ações no sentido de estabelecer, de fato, a Região Metropolitana. Precisamos de um plano de mobilidade regional que favorece o ir e vir dos trabalhadores entre os diferentes municípios”, explicou Sandra Fonseca da Costa, doutora em planejamento urbano e regional e especializada em estudo de cidades.
Ampliando o olhar, deve-se notar que a visão sobre mobilidade estritamente limitada aos carros, bicicletas, ônibus e pedestres é apenas a observação de um fragmento, uma micro visão. Em macro, a mobilidade do Vale representa o que?
“A organização espacial e virtual é muito importante. Isso vai além do transporte. Hoje, a mobilidade parte de um planejamento com tudo integrado e conectado. Não dá pra pensar em só uma questão, pois estamos em uma era de conectividade absoluta”, afirmou Flávio Mourão, arquiteto urbanista e mestre em estruturas ambientais urbanas pela USP.
Apesar de já criada, no papel desde 2011, na avaliação dos especialistas, a RMVale ainda precisa de um planejamento regional para existir na prática e planejar o futuro..
Especialista vê falta de política regional de mobilidade e urbanização no Vale
Na avaliação do urbanista Flávio Mourão, ainda não há uma política regional puramente eficiente que zele de fato pela existência da mobilidade integrada e categórica no Vale do Paraíba.
Apesar das controvérsias ambientais, o processo de urbanização é inevitável, e não houve um planejamento adequado de maneira macro para a região --- atrasando o desenvolvimento e podendo prejudicar os habitantes. “Infelizmente, da década de 60 em diante, a gente foi perdendo um elemento forte de conexão que é a ferrovia, que permitia uma grande mobilidade naquela época para as pessoas, quase inexistente hoje”, analisa.
“Esses impedimentos atrasam o desenvolvimento da cidade, é por isso que questões articuladas não dão certo. Isso são coisas que devem ser planejadas com 10, 20 anos de antecedência. Não é na nossa atual cultura política que isso vai acontecer”, finalizou o urbanista Mourão à reportagem de OVALE..