POLÍCIA FEDERAL

Prefeito de Palmas é alvo de operação de venda de sentenças

Por Constança Rezende e José Marques | Folhapress
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/Redes sociais
Prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos
Prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (30) a 9ª fase da Operação Sisamnes, que investiga suspeitas de vazamento e venda de decisões em gabinetes do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Um dos alvos de busca e apreensão é a casa do prefeito de Palmas (TO), Eduardo Siqueira Campos (Podemos), a sede da prefeitura e o presídio onde está Thiago Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador do estado, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que não é alvo da operação.

Carvalho atuou como assessor do procurador de Justiça Ricardo Vicente da Silva, do Ministério Público Estadual do Tocantins, e foi preso durante uma fase da mesma operação. A operação tem entre seus objetivos apurar eventuais privilégios ilegais a Carvalho.

Procurado por meio da assessoria, o prefeito não se manifestou. O advogado de Carvalho, Luiz Francisco Oliveira, disse que a defesa desconhece privilégios para seu cliente na prisão e aguarda a análise das provas da Polícia Federal para se manifestar.

Também foi alvo de medidas cautelares o advogado Michelangelo Cervi Corsetti, suspeito de rear informações sigilosas de inquéritos no STJ. A reportagem não o localizou.

A determinação, concedida pelo ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), proíbe o advogado e o prefeito de manter contato com outros investigados ou de saírem do país, recolhendo-lhes os aportes.

A PF pediu o afastamento do prefeito das funções públicas, mas o ministro negou a solicitação.

De acordo com a PF, o objetivo da ação é aprofundar a investigação sobre o esquema criminoso de vazamento e comercialização de informações sigilosas de investigações presididas pela Polícia Federal.

Segundo as investigações, os alvos das operações teriam tido o antecipado a detalhes de operações policiais, comprometendo a eficácia das medidas judiciais a serem implementadas.

A investigação da PF aponta, segundo informações divulgadas inicialmente pela GloboNews e confirmadas pela Folha de S. Paulo, que o prefeito de Palmas tinha conhecimento de processos sob sigilo no STJ e dizia ter uma fonte dentro do tribunal que lhe reava informações sobre esses processos.

O prefeito tinha conversado com Thiago Barbosa de Carvalho sobre uma operação contra si.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a PF apontou anteriormente “riscos concretos” de vazamento de investigações que tramitam no STJ ao apresentar pedido ao STF para a abertura de inquérito sobre o caso.

Os investigadores começaram a desconfiar desses vazamentos ao analisar celulares apreendidos na Operação Maximus, sobre a venda de decisões do Tribunal de Justiça do Tocantins.

Em gravação de um telefonema de junho de 2024, um sobrinho do governador Wanderlei Barbosa conversa com um desembargador sobre "companheiros em Brasília" que monitorariam informações do STJ.

Ele menciona dados que seriam de inquéritos sigilosos relacionados à Maximus e a outra operação, que investigava suspeitas de desvios na distribuição de cestas básicas durante a pandemia.

Ambas as operações só foram deflagradas em agosto do ano ado, dois meses após o telefonema.

Em março, a PF coletou elementos em buscas e apreensões para apurar se houve vazamento de informações sigilosas em dois gabinetes de ministros do STJ, João Otávio de Noronha e Mauro Campbell. Os ministros não são investigados.

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