JULGAMENTO

TCE manda governo refazer edital de concessão da ETE em Bauru

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
TCE/SP
O conselheiro Renato Martins Costa, do TCE-SP
O conselheiro Renato Martins Costa, do TCE-SP

O Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP) determinou nesta quarta-feira (30) que o governo Suéllen Rosim (PSD) promova uma série de correções no edital de concessão do sistema de esgoto, o que significa, em termos práticos, no próprio refazimento do certame que envolve um contrato de R$ 3,5 bilhões. Cabe recurso.

Unânime, a decisão foi tomada em sessão presencial do plenário da Corte na manhã desta quarta. A sentença ainda não saiu. O julgamento, já em fase de mérito, vem no âmbito de duas impugnações ao edital: uma apresentada pela Aegea, gigante do saneamento no País, e posteriormente pelo advogado e ex-vereador Coronel Meira (Novo).

O conselheiro Renato Martins Costa, relator, acolheu os argumentos de que o critério “técnica e preço” - adotado pela prefeitura e que norteia praticamente todo o edital - não atende à nova Lei de Licitações.

Pelo atual modelo, leva o contrato aquele que apresentar o menor preço somado à melhor técnica de execução contratual, o que tem sido questionado à luz do argumento de que a concessão do sistema de esgoto mira ao fim o tratamento dos afluentes - independentemente da técnica a ser empregada no meio do caminho.

“O item que prevê o julgamento por técnica e preço não se aplica ao caso em virtude do não preenchimento das condições estabelecidas nas disposições da nova Lei de Licitações”, afirmou o conselheiro relator.

“Consequentemente, devem ser eliminados do edital os dispositivos sobre as avaliações das propostas técnicas que, independentemente da irregularidade relativa à adoção sobre o critério de julgamento, encontram-se maculados”, acrescenta.

A Corte ainda determinou a correção de critérios de avaliação relacionados às metas contratuais: segundo o TCE, os indicadores “devem ser auditáveis pela própria istração e por este tribunal, com vistas ao cumprimento da universalização do serviço de saneamento e a correta prestação dos serviços complementares”.

Ainda segundo o relator, “a istração deverá proceder atenta revisão de anexos e documentos complementares do edital em exame a fim de evitar contradições internas ora determinadas”.

O Tribunal de Contas recomendou ainda que a prefeita Suéllen Rosim (PSD) “avalie a inclusão de parâmetros e critérios objetivos em numerário para nortear a comprovação da habilitação econômico-financeira dos licitantes e a correspondente avaliação dos documentos”

A concessão do sistema de esgotamento sanitário em Bauru foi aprovada em 13 de maio do ano ado pela Câmara. O texto vincula o edital ao modelo proposto pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), contratada pela istração para elaborar os termos da iniciativa.

A negociação prevê a entrega de todo o sistema de esgoto a uma empresa ou consórcio empresarial na iniciativa privada durante 30 anos. A vencedora terá de concluir a obra da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Vargem Limpa e, mais do que isso, promover obras de drenagem na avenida Nações Unidas a título de contrapartida.

A princípio o governo apostava em licitar a concessão na Bolsa de Valores (B3), decisão que posteriormente descartou. A versão oficial foi de que a medida visa economizar custos, mas fato é que a B3 não analisa editais de concorrência com critérios subjetivos – como ocorre em Bauru, segundo confirmou o TCE nesta terça.

O edital foi lançado no início de novembro. A licitação, segundo previsão inicial, seria pouco depois, ao início de janeiro. Mas os envelopes de propostas nem chegaram a ser abertos: em 15 de janeiro, a Aegea representou contra o edital no âmbito do Tribunal de Contas – que suspendeu o certame em caráter liminar, em decisão agora confirmada.

A gigante do setor questionou no Tribunal de Contas a falta de transparência do governo com relação ao certame e disse que o edital "está maculado por vícios insanáveis que afetam a legalidade de todo o documento".

Segundo a Aegea, as condições da licitação prejudicam a competitividade e impactam "de forma negativa a busca pela proposta mais vantajosa e o interesse público envolvido, em especial o interesse dos usuários dos serviços públicos em questão.

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