
A música sempre esteve presente na vida da bauruense Laura Fantini. Aos 27 anos, ela mal se lembra de quando tudo começou, mas os relatos dos pais ajudam a remontar essa história: a mãe cantava para (tentar) fazê-la dormir; o pai dançava com ela ao som de músicas italianas e a apresentava aos clipes da Cher na sala de casa. Foi nesse ambiente sonoro — entre trilhas de Tina Turner, ABBA, Shania Twain e Rod Stewart e, mais tarde, CDs de Pink, Simple Plan, Sandy & Junior e Rouge — que Laura, ainda criança, já se imaginava cantora "quando crescesse".
Apesar da paixão precoce pela arte, o sonho parecia distante e, muitas vezes, desacreditado. Antes de seguir a carreira artística, ela se formou em produção musical pela Belas Artes, em São Paulo. Nos últimos anos, no entanto, decidiu mergulhar de vez na cena musical independente, chegando assim ao lançamento de seu novo EP 'Desafogo' — um trabalho marcado pela sinceridade e pela coragem de se expor em suas letras. Com mais de 500 mil reproduções acumuladas entre YouTube e Spotify, clipe exibido em canais da TV - inclusive, neste sábado (17), no TVZ Experimente (Multishow) -, a artista aposta na força da conexão emocional com o público, traduzindo em suas composições vivências reais, dores, amores e descobertas.
Na entrevista a seguir, Laura fala sobre suas raízes, os desafios da carreira, seu processo criativo e o que espera do futuro. Confira.
Jornal da Cidade - Você tem memórias do seu primeiro contato com a música?
Laura Fantini - A música sempre esteve presente na minha vida. Minha mãe conta que cantava para me fazer dormir, e eu acabava cantando junto ao invés de dormir. Meu pai dançava comigo ao som de músicas italianas e me mostrava clipes da Cher na sala de casa. Lembro de ficar fascinada assistindo aos DVDs da Cher, Tina Turner, ABBA, Shania Twain, Rod Stewart… Cresci cercada por esses artistas, até começar a desenvolver meu próprio gosto. Comprei meus primeiros CDs no Bauru Shopping — Missundaztood, da Pink, e Still Not Getting Any, do Simple Plan. Sempre fui bem eclética. Também amava Rouge, Sandy & Junior, Kelly Key e KLB.
JC - Com esse encantamento todo, seguir carreira musical foi seu primeiro plano?
Laura - Desde pequena, eu dizia que queria ser cantora. Mas percebi cedo que essa escolha não era levada a sério. No ensino médio, ouvi colegas rirem quando alguém disse que queria ser atriz — aquilo me marcou. Acabei deixando esse sonho de lado por um tempo. Fiz aulas de canto na adolescência, mas só como hobby. Quando fui escolher uma faculdade, optei por jornalismo, mais pela vontade de sair do Interior e morar em São Paulo. Percebi rápido que não era meu caminho. Foi em São Paulo que tive coragem de enfrentar meus medos e tentar carreira na música. Tive medo, mas a ideia de envelhecer sem ao menos tentar era mais assustadora que tudo. Entrei em produção musical na Belas Artes e me formei em 2020. Sou muito sortuda por ter pais que me apoiaram 100% nessa decisão e que me ajudaram com a faculdade. Isso fez toda a diferença.
JC - Essa formação te ajuda hoje na carreira como cantora?
Laura - Com certeza. Me ajuda a ter mais referência e direcionamento artístico. Embora eu não produza minhas músicas, entendo o processo e consigo opinar melhor no processo por causa do que aprendi.
JC - E quais são os maiores desafios que você enfrenta com essa decisão? Você sente que a internet ajuda no processo de divulgação?
Laura - O principal é ainda não conseguir viver 100% da música. É frustrante, mas esperado. Tenho a sorte de contar com o apoio dos meus pais, especialmente nos momentos em que nem eu acredito em mim. Já a internet pode sim ser uma aliada, mas tento sempre me manter fiel aos meus objetivos, sem buscar atalhos.
JC - Falando sobre suas composições, o que a inspira? Compõe em parcerias?
Laura - A verdade. Tento ser o mais sincera possível. No novo EP, 'Desafogo', falo sobre experiências reais, sem filtros. As pessoas se conectam com autenticidade. Compor esse trabalho foi quase terapêutico — uma forma de me libertar de medos e inseguranças. Sim, neste EP todas as músicas eu assino com a Helena Novais.
JC - Você já está com três músicas deste EP lançadas e, agora, apresenta a inédita 'Improviso', certo? Como tem sido o retorno do trabalho?
Laura - Tem sido muito positivo! Só no Spotify, essas músicas já somam quase 90 mil plays. O clipe de "Livramento" já ou na TV e vai ar de novo, dessa vez no Multishow, dia 17 (este sábado), às 9h30. Além disso, tenho recebido muitos comentários carinhosos. Sinto que o crescimento vem sendo constante.
JC - Falando em clipe, você costuma mostrar Bauru nas produções. Como escolhe os cenários?
Laura - Sim! Já gravamos no Parque Vitória Régia, na pizzaria Aprezzi, na Casa Mangue e na sede da Pro Clipe, inclusive, para o clipe de Improviso que vai ao ar no YouTube no dia 16. A escolha dos locais depende muito da história que queremos contar.
JC - Para quem te acompanha ou está te conhecendo agora, o que vem por aí?
Laura - Espero que mais pessoas conheçam e se conectem com meu trabalho. Já estou desenvolvendo um novo EP. Mas, no momento, espero que gostem muito das músicas de "Desafogo" que fiz com muita dedicação.




