Domingo de Páscoa. A moça veio ao meu encontro na Igreja e me abraçou. Gosto demais dela. Conhecemo-nos em um almoço de gente querida em comum e nos identificamos. Embora a veja mais apenas nas redes sociais, é como se nos conhecêssemos há décadas. Contou-me que era o batizado do sobrinho-neto. Emocionei-me na hora. Veio-me a história de fé desse menino, que conheci dias depois dela me falar dele.
As Leituras falavam de vida nova. Dos Atos dos Apóstolos (10, 38): “Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com ele”. De São Paulo aos Colossenses (3,1-2): “Irmãos, se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado á direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres”. No Evangelho (João 20, 1-9): na madrugada, a pedra removida do túmulo de Jesus.
Falou-me sobre ele há dois anos mais ou menos. Estava na casa dela, quando ou a procissão em honra a Nossa Senhora Aparecida da paróquia. Observou atento. Depois, quis saber dela, quem era. Explicou-lhe. Ela é bastante devota de Nossa Senhora com o título de Nossa Senhora das Graças, desde que, numa situação em que não encontrava saída, sonhou com ela e lhe veio um caminho que a fortaleceu e deu rumo à sua história.
Apresentou ao menino tudo o que sabia sobre a imagem encontrada no Rio Paraíba do Sul. Conversou com a irmã e os pais dele e marcaram até uma visita ao Santuário de Aparecida. Já foram: “Em procissão, em romaria/ Romeiro, ruma para a casa de Maria/ Em procissão, feliz da vida/ Romeiro, vai buscar à paz de Aparecida. / Tenho certeza que eu não faço idolatria/ Aquela imagem pequenina, nunca foi, nem é Maria/ É só sinal pra eu me lembrar da mãe de Deus/ Que me conduz a Jesus Cristo e que me ensina a ser mais eu”, como canta o Padre Zezinho.
Por coincidência ou providência, ao contar à professora, era ela devota de Nossa Senhora Aparecida. Acrescentou dados e material para o aluno que se sentia chamado para história de fé por ele escolhida.
Disse-me que o menino ara a frequentar uma Igreja, próxima à sua casa, e que o Padre, muito receptivo, era um querido dele. Desejei saber qual. O Santuário Diocesano Santa Rita de Cássia e o Sacerdote, Padre Márcio Felipe de Souza Alves.
Quis conhecer o menino, tão tocado pelo Céu. Sereno e da paz.
No domingo de Páscoa, ela estava lá muito feliz. Foi o batizado do garoto. Na Vigília Pascal, seu pai foi batizado e ele e o irmão serviram no altar.
A tia-avó, tão dileta minha, segue a crença dela de décadas em uma Congregação Espiritual da Umbanda. Isso não a impediu de incentivar o máximo o sobrinho-neto em sua escolha e nem de participar das Celebrações de sua caminhada de fé.
Comovo-me com a atenção dele aos sinais de Deus, com o acolhimento do Padre Márcio Felipe e com a sabedoria da tia-avó. Nada a impor, tudo a respeitar.
Concluo com o Salmo responsorial 117 (118) daquele dia: “Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia. (...) A mão direita do Senhor fez maravilhas, / a mão direita do Senhor me levantou! / Não morrerei, mas, ao contrário, viverei/ para cantar as grandes obras do Senhor!”
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista ([email protected])