OPINIÃO

Implicações do novo aumento da Selic


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O COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, aumentou os juros básicos da economia, a SELIC, para 14,75 % ao ano. Com o objetivo principal de combater a inflação, os efeitos desses juros, aliás, o maior dos últimos dezenove anos, vai muito além e de forma negativa para o País.

Se fecharmos 2025, com uma inflação próxima de 4,75 %, teremos a maior taxa real de juros do mundo, ou seja, próxima de 10 % ao ano, com as implicações abaixo:

- Com uma dívida interna de cerca de R$ 8,5 trilhões, com o custo médio de aproximadamente 12 % ao ano (um pouco abaixo da SELIC), o Tesouro Nacional (o Orçamento Público), vai arcar com o pagamento de juros próximos de R$ 1,0 trilhão em suas despesas de custeio. Considerando que o governo não dispõe de recursos para esse pagamento, os R$ 1,0 trilhão vão se somar à dívida interna (dívida mobiliária do Setor Público) já próxima de 78 % do PIB – Produto Interno Bruto.

Quando o Governo não paga os juros e o percentual da dívida interna em relação ao PIB – Produto Interno Bruto, vai aumentando, “o mercado”, para financiar o setor público, exige juros ainda maiores.

- Esses juros elevados provocam sérios problemas, não só para o Orçamento Público, que a a ter déficits operacionais, mas, também, para os investimentos privados, das empresas e pessoas físicas, que se reduzem drasticamente, pelo elevado custo financeiro que, em grande parte, inviabilizam os investimentos que dependem de financiamentos. Provocam, como consequência, queda de ritmo da atividade econômica e na geração de empregos.

- Na mesma direção, somente que considerando o outro lado da moeda, os poupadores, detentores de recursos, ficam mais confortáveis com a rentabilidade de suas aplicações financeiras, com juros reais (acima da inflação), que superam, em grande parte, os rendimentos dos investimentos em negócios e empreendimentos.

Como mais de 80 % da população brasileira tem dívidas, os juros incidentes sobre elas serão maiores, oprimindo seus orçamentos mensais e, muito provavelmente, ampliando a inadimplência no País, o que provoca redução de créditos e juros maiores, praticados pelas Instituições Financeiras.

- Com essas informações é possível compreender a eficácia da Política Monetária do Banco Central, para combater a inflação.

- Os juros altos praticados, ocorrem, principalmente, em decorrência de duas ordens de influência: a instabilidade econômica mundial, em decorrência das tarifas de importações, praticadas pelo presidente americano Donald Trump, e a insegurança interna em relação à política fiscal do Governo, que aumenta gastos e gera déficits primários (receitas (-) despesas, sem considerar os juros da dívida interna), provocando, como consequência, aumento da dívida.

Lamentavelmente, nada positivo para o Brasil.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, membro do Conselho de istração da DAE S/A e Consultor de Empresas ([email protected])

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