A era em que o comum empobrece — e o desigual enriquece
Existe uma crença perigosa dominando o mercado. A de que basta seguir fórmula, ter técnica, postar bonito e rodar anúncio certo pra garantir resultado. Mas o que poucos perceberam é que o jogo virou um campo de guerra simbólica.
Hoje, o mercado julga em segundos.
Compara tudo.
Se você parece genérico, você some.
Se você soa parecido, você morre na vitrine.
E a única proteção contra isso é a sua diferença.
Recentemente, dei uma consultoria pra uma rede de estúdios de tatuagem.
Negócio sólido, estrutura boa, artistas competentes. Mas estagnado.
Conversei com o dono, Rodolfo. Ele me disse:
— Nossos clientes elogiam. A gente entrega arte. Mas não cresce.
Eu perguntei:
— Por que alguém escolheria você em vez do estúdio do lado?
Silêncio.
— Rodolfo, seu estúdio não tem alma. Tem técnica.
— E técnica, hoje, não diferencia ninguém.
Foi aí que começamos o trabalho real.
Nome reposicionado.
Persona de cada tatuador construída.
Manifesto criado.
Tatuagem virou ritual, virou cicatriz emocional, virou experiência.
A saída do cliente virou cena de filme.
Brinde, trilha, storytelling, pertencimento.
Duas semanas depois, Rodolfo me ligou:
— Fechamos uma tattoo por R$ 2.500 que antes era R$ 700.
— O cliente disse: “Não vim só pela tattoo. Vim porque quero viver isso aqui.”
Ali nasceu a marca. Ali ele virou desigual.
É isso que está acontecendo agora.
Empresas que entendem esse movimento estão criando propostas inconfundíveis.
Olha ao redor:
• Made in Tokyo cobra R$ 90 num hambúrguer simples, mas criou uma estética de culto.
• Farm Rio vende tecido comum com narrativa de brasilidade .
• Pura Vida vende whey com discurso de elevação pessoal.
Todas têm algo em comum: não vendem produto. Vendem contexto.
E esse contexto é tão bem construído, tão coerente, que as pessoas aceitam pagar mais.
Não por necessidade. Mas por identidade.
E quem não fizer isso?
Vai ser trocado por R$ 10 de diferença.
Vai assistir concorrentes menos técnicos crescendo mais.
Vai repetir: “Mas eu também sou bom…”
E vai afundar enquanto espera ser descoberto.
A verdade é que a nova elite do mercado será formada por quem tiver coragem de parecer estranho hoje pra ser inevitável amanhã. Essa é a Jornada dos Desiguais.
Um caminho pra quem não quer só visibilidade, mas presença.
Não quer só vender, mas marcar.
Não quer só produto, mas legado.
Enquanto os iguais imploram por cliques,
os desiguais recebem atenção orgânica.
Enquanto os iguais cortam preço,
os desiguais aumentam desejo.
Enquanto os iguais copiam fórmulas,
os desiguais escrevem novos padrões.
E estão faturando alto.
Você pode continuar vendendo seu serviço.
Ou pode criar algo que ninguém mais consiga oferecer.
Você pode continuar adaptável.
Ou pode se tornar tão marcante que o mundo precise se adaptar a você.
A nova era já começou.
E ela não premia os parecidos. Ela consagra os que têm coragem de ser únicos.
Ricardo Gauerk é publicitário, influenciador digital e vencedor do Prêmio Multishow