OPINIÃO

O que vem depois de acolher?


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A vulnerabilidade social é um dos desafios mais profundos enfrentados por sociedades em todo o mundo. Pessoas em situação de fragilidade econômica e social estão mais expostas a riscos como falta de o à educação, à saúde e à segurança, e são frequentemente impactadas pela drogadição e distúrbios de saúde mental. Por isso, o acolhimento dessas populações é uma necessidade urgente e uma oportunidade única para promover transformação. Acolher é mais do que prover assistência imediata; é reconhecer a dignidade humana de cada indivíduo e criar condições para que possam superar adversidades. Programas de acolhimento eficazes são capazes de reduzir o estigma associado à pobreza e à exclusão social, proporcionando e emocional e materiais essenciais como alimentação, moradia e saúde.

Não podemos nos esquecer que, em Jundiaí, a cidade com um dos melhores PIBs do Brasil, há 40 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social, ou seja, 10% da população. Parece incrível que, aqui mesmo ao lado, temos pessoas que não conseguem estudar, arranjar emprego ou exercer a cidadania por faltas estruturais, que não oferecemos como sociedade, como educação e saúde.  

Planejar para os próximos dez anos requer uma abordagem integrada. Políticas de assistência social devem ser acompanhadas por investimentos em educação e saúde. Uma possível estratégia seria a expansão de programas como escolas em tempo integral, creches em tempo integral e à noite  (quantas mulheres não estão trabalhando até 22h?). Na saúde, é fundamental fortalecer a atenção básica com foco na prevenção e não na doença. O retorno do banco de alimentos em Jundiaí é uma proposta da atual istração, além do já implantado programa que leva frutas e legumes para as crianças. Pois acreditem que, na Terra da Uva, há crianças que nunca experimentaram uma. É maravilhoso observar como elas estão abertas a descobrir sabores que nunca tiveram, pois frutas estão cada vez mais caras e iníveis.

A drogadição afeta desproporcionalmente pessoas em vulnerabilidade social, exigindo políticas baseadas em evidências. É preciso abandonar abordagens exclusivamente punitivas e adotar modelos que combinem prevenção, tratamento e reintegração. Programas de redução de danos e campanhas de conscientização são ferramentas poderosas, assim como a oferta de tratamento em comunidades terapêuticas íveis e integradas ao SUS.

O acolhimento das pessoas em vulnerabilidade social é um ato de humanidade que gera impacto profundo na construção de uma sociedade mais justa. Não adianta pensarmos que estamos livres, em condomínios e prédios, da vulnerabilidade. Não estamos. A falta de segurança é o fator mais gritante que nos chama a atenção, mas, na verdade, o custo financeiro é gigante para o futuro do nosso país. Sem educação, ficamos assim, do jeito que estamos, na rabeira do mundo, assistindo aos países asiáticos nos darem baile de competitividade, eficiência e educação de qualidade.

Ariadne Gattolini é jornalista e escritora. Pós-graduada em ESG pela FGV-SP, istração de serviços pela FMABC e periodismo digital pela TecMonterrey, México. É editora-chefe do Grupo JJ.

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