Vivemos em um mundo dominado por telas, algoritmos e conexões instantâneas. Paradoxalmente, em pleno cenário de transformação digital, a escrita tornou-se o principal meio de diálogo entre humanos e máquinas.
Ferramentas como ChatGPT (OpenAI), Gemini (Google), Claude (Anthropic), Copilot (Microsoft), Meta AI e o Perplexity AI são alimentadas por palavras. Nunca foi tão importante saber com propriedade “a nossa língua portuguesa” para usá-la com clareza, precisão, objetividade e intenção. Para receber boas respostas, é preciso fazer boas perguntas. Cada uma dessas plataformas tem seus pontos fortes como integração com outros softwares, ou segurança de dados, ou na transparência do código, mas nenhuma delas funciona sem a escrita humana.
Durante séculos, escrever foi um ato solitário, linear e analítico como costurar ideias com linha e agulha. Hoje, com a utilização da IA generativa, é possível criar, revisar e aprimorar conteúdos com rapidez em estalar de dedos. É um processo. Quanto mais você recorre a essa ferramenta, os algoritmos que leem padrões, sugerem melhorias. A escrita, que antes era fruto exclusivo da subjetividade, torna-se uma colaboração entre mente e máquina. É como ter um coautor incansável à disposição, desde que você saiba o que quer dizer.
Em um mundo onde a informação é abundante e o tempo é curto, escrever com clareza é uma vantagem competitiva. Nas empresas, a escrita está mudando de papel ando de mera transmissão de informação para ferramenta de decisão estratégica. Toda produção de conteúdo, com o uso da IA, tem um novo viés, a inteligência de dados combinada com a inteligência humana.
Os redatores têm a responsabilidade de criar modelos de linguagem. Para o bem ou para o mal. O conteúdo pode vir carregado, nas entrelinhas, de uma linguagem que pode reforçar estereótipos, enviesar narrativas ou propagar imprecisões. Por isso a importância da reflexão antes de escrever... as palavras têm poder! É preciso garantir que a mensagem preserve valores, autenticidade e intenção.
Um grande desafio se apresenta diante desse novo panorama — não basta saber usar a ferramenta. É preciso entender seus limites, fazer as perguntas certas, interpretar respostas com criticidade e usá-la como extensão da inteligência humana — e não como substituta.
A escrita se tornou uma ponte entre pessoas e máquinas. Podemos arriscar dizer que a tendência para um futuro próximo é que a escrita se tornará a principal interface entre humanos e tecnologias. As ferramentas de IA vão funcionar como assistentes de linguagem personalizados, capazes de adaptar tom, formato e estilo ao público e ao propósito.
A escrita deixou de ser apenas uma habilidade técnica para tornar-se uma competência estratégica. O futuro não é apenas sobre escrever com IA, mas pensar estrategicamente por meio da escrita, em parceria com a IA. Na era da inteligência artificial, saber escrever com propósito, clareza e ética é uma forma de liderar, influenciar e construir o futuro.
Quem dominar essa nova escrita, saberá usar as ferramentas de IA com consciência e intenção e terá voz ativa no mundo que estamos criando.
Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora
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