CONFUSÃO!

Cacau Show: funcionários relatam ritual comandado por CEO

Por Will Baldine | Jornal de Piracicaba |
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
As denúncias também incluem relatos de assédio moral e sexual, e também, discriminação por aparência física e orientação sexual
As denúncias também incluem relatos de assédio moral e sexual, e também, discriminação por aparência física e orientação sexual

Funcionários e ex-funcionários da Cacau Show, além de franqueados, relataram à imprensa a existência de práticas internas que têm gerado desconforto e denúncias formais. Um dos episódios mais mencionados refere-se a encontros conduzidos pelo fundador e CEO da empresa, Alexandre Tadeu da Costa, conhecido como Alê Costa, na sede da companhia.

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Em determinados dias, colaboradores são convocados a comparecer ao trabalho com roupas brancas. Após retirarem os sapatos, os participantes entram em uma sala escura, iluminada por velas, onde acompanham o CEO em cantos e movimentos circulares. A atividade não é obrigatória, mas pessoas que demonstram resistência ou questionamento relatam ter sido alvo de retaliações.

As denúncias também envolvem possíveis restrições e condutas consideradas discriminatórias no ambiente de trabalho. Um documento protocolado junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) inclui relatos de assédio moral e sexual, discriminação por aparência física e orientação sexual, e restrições relacionadas à gravidez de funcionárias. Segundo o conteúdo, há registros de perseguição institucional a quem se manifesta contra essas práticas.

O material entregue ao Ministério Público ainda descreve um ambiente de receio entre colaboradores, que evitam denunciar as ocorrências por medo de represálias. As informações apontam que a empresa adota controle rigoroso sobre franqueados, funcionários e até ex-colaboradores.

Franqueados também relataram situações semelhantes. Alguns afirmam ter enfrentado obstáculos após questionar mudanças comerciais, como alterações nos valores de produtos e cobranças. Entre os relatos, estão a entrega de mercadorias com prazo de validade curto e itens com baixa demanda, dificultando o funcionamento das lojas. A retirada de crédito para compra de produtos, obrigando pagamentos à vista, também foi citada.

Um processo em andamento na 25ª Vara Cível de Brasília registra que a política de fornecimento da empresa estaria sendo usada como forma de penalização a franqueados em conflito com a franqueadora. O juiz responsável pelo caso destacou, na decisão, que a prática pode violar princípios constitucionais, como a liberdade profissional e o direito de o à Justiça.

Diante da situação, alguns franqueados criaram um perfil em rede social com o objetivo de compartilhar experiências. A página “Doce Amargura” reúne relatos e denúncias. A responsável pelo perfil, que ainda mantém uma franquia ativa, optou por usar um pseudônimo, relatando temer possíveis retaliações. Segundo ela, após as publicações, recebeu a visita do vice-presidente da Cacau Show, Túlio Freitas, em sua loja localizada no interior de São Paulo. A empresária afirma que foi questionada sobre “o que seria necessário” para que parasse com as postagens. Atualmente, ela busca na Justiça a rescisão contratual.

Por meio de nota, a Cacau Show declarou não reconhecer as acusações divulgadas na página “Doce Amargura”. A empresa afirma que mantém relações pautadas no respeito, no diálogo e na confiança com seus franqueados. Sobre a visita do vice-presidente, a nota esclarece que essas ações fazem parte da rotina da diretoria comercial, com foco no relacionamento com os parceiros e acompanhamento do negócio. A empresa reforça que não compactua com condutas que violem seus valores institucionais.

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